Um dia desses, pensando na vida, eu vi um idoso se aproximar e passar por mim como uma folha amarelada. Devagar, parecia que conduzida pelo vento, cansada e desgastada por tudo que já viveu e viu. Apesar das limitações, o velhinho andava com certa firmeza nos pés e determinação. Em seus olhos a vida ainda pulsava como na época da escola. Um sorriso singelo brotou de meus lábios. Diferente de que muitos pensavam, eu tenho certeza, aquelo idoso possuía mais vida e alegria que muitos adolescentes que eu conheço.
No entanto, a realidade não pode ser alterada. Aquele senhor está em seus últimos anos. Mesmo com um sorriso no rosto ou esperança no olhar, o destino reservado à ele, à todos nós, está mais próximo agora pra ele. Não seria por isso? Por isso que ele possui um ar mais jovem. Talvez agora ele perceba todas coisas ao seu redor que antes o trabalho ou qualquer outra coisa o impediam de levantar o rosto e sorrir um pouco com a vida.
Agora entendo aquele ditado: "Faça seu melhor hoje porque pode ser seu último dia". Ele na verdade fala para aproveitarmos todos os dias porque o tempo -- dias, meses, anos -- passam, de fato, como um dia... 30 anos para aquele senhor, agora é um filme de lembranças que passa por sua cabeça.
Lembro-me como se fosse ontem. E o que será que ele lembra? Nossas melhores lembranças são compostas por todos os momentos felizes que passamos. Espero que ele tenha vivido muitas alegrias... Surpresas... Emoções. É isso que faz nosso pequeno filme valer a pena em ser visto, não é?
O que vivemos agora é parte desse dia longo e muito curto ao mesmo tempo. Cheio de controversas e incertezas, risos e tristezas, onde cabe a nós fazer o melhor e aproveitar esse fantástico dia como se fosse o último, pois ele é mesmo.
Enquanto àquele senhor... Bem, aquele senhor sou eu, é você... Sou eu me vendo em um tempo, ou em um dia que nem eu conheço. Sou eu no futuro e eu no passado. O tempo aqui já não é mais como pensávamos, só uma eterna paz de dias e mais dias infinitos. Uma coisa que você só vai entender no final dessas 24 horas.
Por: Juliene Lobato da Silva