Lembro-me, como se fosse ontem, de quando entrei na primeira série(que hoje seria o segundo ano do fundamental), claro que eu ainda brincava com as minhas bonecas, mas mesmo assim me sentia mais velha naquele ano. Até que vi umas garotas da quarta série. Eram maiores, mais velhas e pareciam genuinamente adultas, foi quando eu percebi o quão imatura eu era... A quarta série passou a ser meu foco de vida(risos). Meus anos seguintes se reduziram à meros "antes da quarta série". Contava os meses nos dedos, até o grande dia chegar: e lá estava eu -- uma garota de 4º série e... Irritantemente me sentindo a mesma pirralha da 1º.
Os meses se passaram e nada parecia mudar. Ainda era uma criança. Esperei, sinceramente, que tudo mudasse ao chegar na quinta série. Novas matérias, novos professores, novos...! Talvez finalmente conseguisse, sei lá, me sentir um pouco mais adolescente ou algo do tipo. Nada disso aconteceu. A quinta série foi exatamente como os outros anos, só que com novas matérias mais difíceis. isso foi decepcionante, eu ver que ainda éramos crianças que brincavam de pega-pega na hora do recreio.
Um dia, naquele mesmo ano, em um dos meus primeiros dias no novo ano, eu tive uma "visão": um menino alto e bonito -- parecia um daqueles atores de novelas juvenis, como malhação -- passou por mim, com aquela calça da escola que parecia que nele ficava tão legal e descolada. Ele era da 8º série. E observando-o de longe era como se tudo nele fosse o que eu queria ser um dia, de uma forma feminina, claro; seu jeito, seus amigos, até sua maneira de sorrir parecia mais... ADULTO. É incrível como uma criança é louca para se parecer com um, né? Então, um dos meus objetivos foi chegar na oitava série para me parecer com "aquele garoto da 8º série" (risos) Bobo eu sei, até mesmo meio retardo, mas quem quando criança não foi meio idiota?
Tive outra decepção.
Era frustrante quando a cada ano que passava e eu não sentia nada em mim se metamorfosear... E hoje eu penso que aquela garotinha boba, hoje no meio do ensino médio, se tornou adolescente sem perceber enquanto o que mais queria era se sentir adolescente. (risos)mas, é... as vezes nós mudamos tanto e nem percebemos. Apesar de ainda me sentir tão criança. E falando nisso, o que mudou?
Nada, e tanta coisa...
O que eu penso de vez em quando é que: será que quando os mais novos me veem fantasiam seu futuro por meio de mim? Se for sim, eu sinto muito.
Por: Juliene Lobato da Silva